Júnior Santos
Passa a valer a partir
de hoje (23) a redução no Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para todas
as operações de crédito de pessoas físicas. O decreto, publicado ontem no
Diário Oficial da União, também reduz o Imposto Sobre Produtos Industrializados
(IPI) para a compra de carros e tem o objetivo de aquecer a economia.
Diante do desempenho
fraco da economia, o governo decidiu pisar no acelerador e anunciou o pacote R$
2,7 bilhões para estimular o consumo, principalmente o de automóveis, e a
aquisição de bens de capital Assim como fez na crise de 2008 e 2009, o Planalto
cortou impostos, liberou mais dinheiro para empréstimos e reduziu os custos de
linhas de financiamento. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, as
medidas são resultado de um compromisso "inédito" assumido entre
governo, setor produtor e setor financeiro.
O governo zerou o
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis de até 1.000
cilindradas e arrancou das montadoras um compromisso de reduzir a tabela em
2,5%. Assim, o preço final dos populares vai cair perto de 10%. Para os modelos
com motor entre 1000 e 2000 cilindradas, a expectativa é que o preço final
sofra uma redução de 7%. "Isso atende à demanda do setor", afirmou o
presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(Anfavea), Cledorvino Belini. "Os estoques estão altos e é preciso fazer
girar a máquina da indústria automobilística."
A redução vale até o
final de agosto e o governo estima que deixará de arrecadar R$ 1,2 bilhão no
período. As montadoras se comprometeram a não demitir durante a vigência do
acordo. Para os modelos importados, continua valendo o aumento de 30 pontos
porcentuais no IPI.
Também foi fechado um
acordo com os bancos, pelo qual eles vão reduzir o valor da entrada e taxa de
juros, além de alongar os prazos de pagamento. Em troca, serão liberados
recursos que hoje as instituições têm de manter depositados no Banco Central.
CONSUMO
O governo decidiu,
ainda, reduzir a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre
empréstimos para pessoas físicas de 2,5% para 1,5%. Com isso, a arrecadação
federal vai cair perto de R$ 900 milhões num período de três meses. Porém, esse
corte não tem prazo para acabar.
Mais medidas para
facilitar empréstimos estão a caminho. Mantega encomendou à Caixa que
simplifique a linha de crédito que permite utilizar recursos do FGTS para
comprar material de construção. Segundo o ministro, essa linha já é oferecida
hoje, mas com muitas exigências.
O governo também
anunciou a redução dos juros cobradas pelo BNDES para bens de capital. "O
resultado esperado é reduzir o custo do investimento", afirmou o ministro.
A taxa para o financiamento de compra de máquinas para grandes empresas, por
exemplo, caiu de 7,3% para 5,5% ao ano. O custo estimado da redução de juros é
de R$ 619 milhões.
Mesmo com esse impulso
adicional, Mantega avaliou que será difícil crescer 4,5% este ano. Ele avaliou
que a crise internacional se agravou, e foi por essa razão que o governo adotou
esse conjunto de novos estímulos. O objetivo, explicou, é estimular o
investimento. Porém, observou, este não ocorrerá sem consumo. E o setor
automotivo era o que mais enfrentava problemas na concessão de crédito. O
governo decidiu agir porque a indústria automobilística tem impactos
importantes em toda a economia brasileira.
BB tem mais de R$ 2 bilhões para financiamentos
BB tem mais de R$ 2 bilhões para financiamentos
São Paulo, (AE) - O
Banco do Brasil tem R$ 2 bilhões extras para emprestar no financiamento a
veículos por conta das mudanças no compulsório anunciadas pelo Banco Central e
pelo Ministério da Fazenda, segundo o vice-presidente de Negócios de Varejo do
BB, Alexandre Abreu. Com esses recursos extras que vieram do compulsório, o BB
estima que conseguirá manter até 30 de junho uma política de juros ainda
menores e com financiamento até 100% do veículos. Nesta terça-feira o banco
anunciou sua terceira redução, com taxa mínima de 0,77%, mas que vale até o
final do mês que vem. "Se nada mudar, é o prazo que acreditamos que o
banco pode direcionar os recursos do compulsório", disse Abreu.
Mesmo com o aumento do
financiamento de veículos desde abril com os cortes de juros, o BB informou que
suas taxas de inadimplência no segmento estão em queda. Caíram de 2,32% no
final de março para 2,22% em abril, considerando os atrasos acima de 90 dias.
Abreu avaliou que a
queda do indicador de calotes é explicada pelo fato do BB só trabalhar com seus
clientes em sua rede de agências no financiamento de veículos, não atuando em
revendedoras de carros. "É um público que a gente conhece, sabemos o
histórico, o comportamento. A inadimplência do banco está absolutamente sob
controle", disse o executivo.
No caso do
financiamento de 100% do veículo, o BB exige algumas condições, como liberar o
dinheiro apenas para clientes com bom histórico de pagamentos e financiar
carros zero ou com no máximo um ano de uso.
O BB mudou os juros e o
porcentual de entrada do financiamento de carros, mas manteve o prazo máximo de
financiamento em até 58 meses. A razão, segundo Abreu, é que o BC não mudou as
regras do compulsório para créditos acima de 60 meses, editadas nas medidas do
final de 2010, quando o governo estava interessado em frear o crescimento
exagerado do crédito. Pelas regras da época, os bancos tinham que reservar 150%
mais de capital para financiamento acima de 60 meses.
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