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ILUSÃO: PREFERÊNCIA OU NECESSIDADE? “POR MESSIAS TORRES”

É compreensível que busquemos no plano do imaginário algumas razões para a vida sê tal qual é. Dir-se-ia, aliás, que a realidade por si só é insuportável. Provável que sim.

Dito isto, me refiro às redes sociais e o comportamento parvo nelas expressado por uma parte significativa de seus usuários. Ressalve-se aqui as exceções.

No artigo “ALIENAÇÃO CIBERNÉTICA: a estupidez informatizada”, além de outros aspectos, disserto acerca da ideia distorcida de ostentação e publicização de tudo como modus comportamental em busca de curtidas e aprovação pelo maior público.

Nem tudo é curtível, entendamos! Uma ideia, uma conquista meritória, uma imagem espontânea, sim.

Pois bem, situações em que se exibem posturas e perfis aplaudidos pelo meio parecem um imperativo entre os que evitam/escondem “a vida como ela é” em nome de “a vida como se deseja que fosse”.

Ilusão: preferência ou necessidade? Certamente uma leitura comprometida em psicologia e filosofia nos conduziria a melhor entender o questionamento. Talvez uma necessidade quase universal de ilusão faça com que - humanos limitados que somos - às vezes, prefiramo-la com tanto entusiasmo e afeição.

“Lindo(a)”, “top”, “perfeito(a)” etc. são exemplos de tratamentos usados para com os amigos?, do Facebook, principalmente. A questão é que nem sempre tais adjetivos são cabíveis e, portanto, adotá-los sem o devido filtro, das duas uma: ou denota falta de bom senso ou a fatal ignorância quanto ao valor semântico dos termos. Há, também, os hipócritas.

Por falar em filtro, tornou-se ele uma poderosa ferramenta a serviço das ilusões de ordem estética. Nenhuma feiura (todos o temos em alguma medida) é páreo para a eficácia dos aplicativos antiassimetria corpórea. Será? Lamenta-se ainda não o terem inventado para corrigir anomalias tipo mau uso do intelecto. Que pena!

Uma foto sem o generoso filtro é, de fato, um grande salto para a noção de realidade. Mas quem não o usa? E a preferência ou a necessidade da ilusão? Para a alegria dos aficionados no “perfeito”, os aparelhos já veem habilitados a desfazer/ocultar os “defeitos” da imagem. Põe-se, porém, um dilema: uma foto (com defeitos e tudo) é exatamente o retrato da pessoa fotografada. E aí?

Por mais que se possa evitar, a convivência social exige o face a face; não há como escapar. De tal forma que é aceitável sim alguns retoques, convenhamos. Por outro lado, é preciso fugir tanto de si mesmo? É preciso enganar tanto à própria consciência? É salutar trocar essência por aparentes?

Penso que sensatez é sempre palavra de ordem. Entender que um pouco de fantasia nos ajuda a amenizar os dissabores do viver nesse mundo, tudo bem. Negar a própria realidade em nome de verdades puramente fantasmagóricas – como se vê -, além de fraqueza de espírito, revela, em síntese, suicídio de personalidade, motivado por apoucamento coletivo da inteligência.

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Prof. Messias Torres

[Psicopedagogo, Poeta, Radialista]

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