É
compreensível que busquemos no plano do imaginário algumas razões para a vida sê
tal qual é. Dir-se-ia, aliás, que a realidade por si só é insuportável. Provável
que sim.
Dito
isto, me refiro às redes sociais e o comportamento parvo nelas expressado por uma
parte significativa de seus usuários. Ressalve-se aqui as exceções.
No
artigo “ALIENAÇÃO CIBERNÉTICA: a
estupidez informatizada”, além de outros aspectos, disserto acerca da ideia
distorcida de ostentação e publicização de tudo como modus comportamental em busca de curtidas e aprovação pelo maior público.
Nem tudo
é curtível, entendamos! Uma ideia, uma conquista meritória, uma imagem espontânea,
sim.
Pois
bem, situações em que se exibem posturas e perfis aplaudidos pelo meio parecem
um imperativo entre os que evitam/escondem “a vida como ela é” em nome de “a
vida como se deseja que fosse”.
Ilusão:
preferência ou necessidade? Certamente uma leitura comprometida em psicologia e
filosofia nos conduziria a melhor entender o questionamento. Talvez uma
necessidade quase universal de ilusão faça com que - humanos limitados que
somos - às vezes, prefiramo-la com tanto entusiasmo e afeição.
“Lindo(a)”,
“top”, “perfeito(a)” etc. são exemplos de tratamentos usados para com os amigos?,
do Facebook, principalmente. A questão é que nem sempre tais adjetivos são
cabíveis e, portanto, adotá-los sem o devido filtro, das duas uma: ou denota
falta de bom senso ou a fatal ignorância quanto ao valor semântico dos termos.
Há, também, os hipócritas.
Por falar
em filtro, tornou-se ele uma poderosa ferramenta a serviço das ilusões de ordem
estética. Nenhuma feiura (todos o temos em alguma medida) é páreo para a
eficácia dos aplicativos antiassimetria corpórea. Será? Lamenta-se ainda não o terem
inventado para corrigir anomalias tipo mau uso do intelecto. Que pena!
Uma
foto sem o generoso filtro é, de fato, um grande salto para a noção de realidade.
Mas quem não o usa? E a preferência ou a necessidade da ilusão? Para a alegria dos
aficionados no “perfeito”, os aparelhos já veem habilitados a desfazer/ocultar os
“defeitos” da imagem. Põe-se, porém, um dilema: uma foto (com defeitos e tudo)
é exatamente o retrato da pessoa fotografada. E aí?
Por
mais que se possa evitar, a convivência social exige o face a face; não há como
escapar. De tal forma que é aceitável sim alguns retoques, convenhamos. Por
outro lado, é preciso fugir tanto de si mesmo? É preciso enganar tanto à
própria consciência? É salutar trocar essência por aparentes?
Penso
que sensatez é sempre palavra de ordem. Entender que um pouco de fantasia nos
ajuda a amenizar os dissabores do viver nesse mundo, tudo bem. Negar a própria
realidade em nome de verdades puramente fantasmagóricas – como se vê -, além de
fraqueza de espírito, revela, em síntese, suicídio de personalidade, motivado
por apoucamento coletivo da inteligência.
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Prof. Messias Torres
[Psicopedagogo, Poeta, Radialista]
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