Um livro de língua portuguesa distribuído a turmas de educação de jovens e adultos (EJA) pelo Ministério da Educação (MEC) causou polêmica ao incluir frases com erro de concordância como “os livro ilustrado” ou “nós pega o peixe” em uma lição que apresentava a diferença da norma culta e a falada. No texto, a autora da obra Por uma Vida Melhor defende que os alunos podem falar do “jeito errado”, mas devem atentar para o uso da norma culta, cujas regras precisam ser dominadas.
Apresenta exemplos incorretos e, em seguida, mostra como eles deveriam ser escritos de acordo com as normas gramaticais.
A Academia Brasileira de Letras (ABL) condenou a posição da autora e criticou o MEC por defender a obra. O ministro Fernando Haddad já disse que os 484 mil livros comprados e distribuídos às escolas não serão recolhidos. De acordo com a ABL, “a posição teórica dos autores do livro didático que vem merecendo a justa crítica de professores e de todos os interessados no cultivo da língua padrão segue caminho diferente do que se aprende nos bons cursos de teoria da linguagem”.
Mas linguistas e especialistas em educação de adultos defendem que a aceitação da variedade popular é parte importante do trabalho com o público que não frequentou a escola na idade correta. “O aluno chega à escola com uma linguagem já constituída muito longe do que é a norma culta. Se acha burro por falar errado. Então o educador tem que mostrar que a linguagem dele não é primitiva, mas uma língua que tem uma lógica e por meio da qual ele consegue se comunicar. Se você reconhece a sua própria fala, você consegue adquirir a norma culta”, aponta Vera Masagão, presidente da organização não governamental (ONG) Ação Educativa e especialista em EJA.
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