Abrindo o ciclo de debates
promovido por várias entidades defensoras dos direitos humanos acerca do tema “Latifúndio, reforma agrária e o papel da
universidade”, o jurista Agassiz
Almeida Filho, conferencista de renome nacional, proferiu palestra no auditório
da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), da qual extraímos
alguns textos:
O papel da universidade no
contexto global hoje se descortina de largo alcance, impondo uma capacidade de
interagir desta instituição com todos os segmentos da sociedade, visando
enfrentar os percalços dos novos tempos. Temos que romper o casulo acadêmico e
enfrentar os desafios do mundo, potencializando a comunidade universitária para
o seu grande papel de formadora do cidadão, e, mais além, olhar a vida sem
perder a condição humanista.
Mestres de ampla visão
educacional, como Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro, legaram lições
que se fazem presentes nos dias atuais.
A globalização envolve países e
as mais diversas sociedades. Daí decorre que a universidade não deve quedar-se
segregada. Esta instituição
pressupõe a ideia do não isolamento, mas de junção e descoberta de
elementos comuns que se entrelaçam com todos os setores sociais, sobretudo os
da comunidade universitária, cujo papel é de suma relevância como construtora
do mais importante projeto da sociedade humana: preparar as novas gerações para
o futuro.
Com a Declaração dos Direitos
Humanos, em 1948, iniciou-se uma nova era de dignidade do homem. Com esta nova
forma de vivência, o direito à educação, o direito a aprender ao longo da vida,
se impõem como um imperativo desafiador. O importante, nesta perspectiva, não é
só o uso dos recursos materiais que a sociedade ou qualquer organização detém,
mas a identificação dos elementos estratégicos, das competências humanas e dos
avanços científicos e tecnológicos.
Nesta trilha de ação, várias
universidades já se internacionalizaram, através das mais variadas formas de
intercâmbio. Citemos como exemplo a Universidade Jean Piaget, de Cabo Verde,
que é parte integrante do Instituto Piaget. Dezenas de universidades estão
desenvolvendo esse projeto. A Universidade Estadual da Paraíba, UEPB, deve ser
inserida nesse contexto.
O que vemos hoje? A sociedade
transformou-se numa sociedade de informação, ou melhor, numa aldeia global de
conhecimento, baseada no capital humano como principal meio de produção, que
deixou de ser a terra, o trabalho e o capital, e passou a ser o conhecimento.
Qual o papel do dirigente
universitário nessa conjuntura? Evitar que o arsenal de conhecimento
conquistado até o momento fique no domínio de poucos privilegiados. Com apoio
nessas premissas e na consciência de que o conhecimento é a mais-valia do
século XXI, propomos este projeto para a Universidade Estadual da Paraíba
(UEPB). É esse o papel que cabe à universidade, principal motor do
desenvolvimento da sociedade.
A resposta da universidade aos
novos desafios tem que ser eficaz, e, desta forma, ela exerce uma função
decisiva na construção de uma sociedade justa e progressista.
NOTA
Agassiz Almeida Filho vem de uma
longa caminhada pelos estudos e pesquisas em várias universidades do mundo, com
títulos de mestrado e doutorado em curso. Escreveu vasta obra compreendida em
vários livros e dezenas de artigos com repercussão nacional, sobre ciências
jurídicas e o processo educacional, político e cultural. Abraçou o avanço da
UEPB como um sacerdócio.
*Por José Brito
Enviado via E-mail / Redação Blog Emidio Sena
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