O ensino médio em um centro
federal de ensino técnico era, bem pouco tempo atrás, sinônimo de concorrência
acirrada e comemoração para poucos alunos da rede pública - e de alívio ao
bolso de alguns pais - que conseguiam assegurar ensino de qualidade e gratuito. Nos últimos anos, o programa de expansão da
rede federal de ensino profissionalizante não só mudou o nome e atribuições dos
centros - aqui, de antigo Cefet para Instituto Federal do Rio Grande do Norte
(IFRN) - como facilitou o acesso, promovendo mudanças na economia dos
municípios e abrindo perspectivas para a população.
No Rio Grande do Norte, o
salto em seis anos foi de dois campi, um em Natal e outro em Mossoró, para quinze
- num processo de interiorização. A ampliação representa um investimento
superior a R$ 100 milhões, se considerarmos a média de investimento por unidade
de R$ 8 milhões.
Na terceira fase do plano de
expansão, a meta é implantar outros três novos campi nas cidades de
Ceará-Mirim, Canguaretama e São Paulo do Potengi, com capacidade para 1,2 mil
alunos, cada, com cursos nas áreas de informação
e comunicação, turismo, meio ambiente e infraestrutura. O investimento por
unidade será de R$ 10 milhões, oriundos de recursos federais repassados pelo
Ministério da Educação (Mec), sendo R$ 7,2 milhões para obras e R$ 2,8 milhões
para equipamentos e mobiliários.
As obras estão em fase de
licitação com previsão de início em janeiro de 2012 e conclusão em junho de
2013. "A nossa expectativa é de que esses Campi iniciem suas atividades no
segundo semestre de 2013", observa o reitor do Instituto Federal do Rio
Grande do Norte Belchior Rocha.
A quantidade de alunos que
concluem cursos técnicos e superiores no IFRN tem aumentado gradativamente.
Para se ter ideia, em 2001 apenas 579 alunos se formaram, sendo 526 em cursos
técnicos e 53 em cursos superiores. Em 2010, o quantitativo de alunos que
concluíram seus cursos saltou para 1.670, sendo 1.063 em cursos técnicos e 607
em cursos superiores. A previsão de conclusão para 2011 é de 2.693 alunos,
entre cursos técnicos e superiores. A partir de 2012, com o início do ensino à
distância haverá aumento substancial. "Quando todos os Campi (18)
estiverem em pleno funcionamento na plenitude de suas capacidades serão,
aproximadamente, cinco mil alunos formados por ano, em nível técnico, superior
e pós-graduação", afirma o reitor.
Paralelo ao crescimento da
estrutura física, um concurso público para contratação de 93 professores em
diversas áreas de atuação, está em curso. "Trabalhamos ainda com o
remanejamento de profissionais. A partir da necessidade, serão feitos outros
concursos", afirma o reitor. O prazo de inscrição segue até o dia 1º de
janeiro de 2012, com prova escrita prevista para o dia 29 de janeiro.
Hoje existem matriculados no
IFRN 14.449 estudantes, divididos em 35 cursos técnicos (integrados e
subsequentes), 22 cursos superior (graduação tecnológica e licenciaturas) e 11
de pós-graduação. O quadro de pessoal conta com professores efetivos 829 e
substitutos 110, além de 669 técnicos
administrativos.
A expansão da educação
profissional, ressalta Belchior Rocha, foi apontada como o segundo melhor
programa do governo federal, perdendo apenas para o Bolsa Família.
"Entendemos que a educação emancipadora que forma o ser humano, não apenas
para o trabalho, mas para a vida, seja a mola propulsora principal do
desenvolvimento de qualquer Estado ou Nação".
Ensino atrai cada vez mais estudantes
A auxiliar de serviços gerais
Darlene Cristine Souza do Nascimento, 40 anos, reforçou os ânimos para melhorar
de vida, a partir da implantação do Instituto Federal, em São Gonçalo do
Amarante. O Instituto é um dos três implantados no Estado - além de Parnamirim
e Nova Cruz - no último ano. Prestes a iniciar o curso de Segurança do
Trabalho, na modalidade à distância, Darlene calcula a conclusão, ao fim de
dois anos, com o prazo para início do ensino superior. "A mudança maior é na expectativa das
pessoas. Antes, aqui, ninguém sonhava em entrar no IFRN, porque só tinha em
Natal, em fazer faculdade menos ainda. Hoje isso mudou", disse.
Embora, finalizando as obras,
a unidade em São Gonçalo do Amarante, funciona com cinco turmas de curso
subsequente (para quem já concluiu o ensino médio) em redes de computadores,
com duração de dois anos. Para os estudantes
Monalisa Ferreira Borges, 21 anos, e Wandir Wanderley Barbosa, 26 anos,
a expectativa é de estar empregado antes mesmo de concluir o curso. "Há
uma procura grande por profissionais, basta estar qualificado", disse
Monalisa. "No meu caso, estou
somando ao conhecimento prático o conhecimento técnico e espero melhorar os
rendimentos e até mudar de setor", conclui o morador de Macaíba.
Cerca de 200 estudantes
concluíram o curso de formação inicial e continuada (FIC) em informática, de
janeiro a junho deste ano. "O nosso foco é em infraestrutura aeroportuária
e construção civil", disse o diretor acadêmico Carlos Monteiro Lima.
Unidade de Parnamirim já provoca mudança no Agreste
O prédio do IFRN ainda de
pouca visibilidade para quem passa pela BR-101, na saída de Parnamirim, sentido
zona sul, já provoca transformações na região Agreste. O campus recebe
estudante de São José de Mipibu, Monte Alegre, Goianinha e até de
Riachuelo. Para o diretor geral do
Campus Parnamirim, José de Ribamar de Oliveira, o processo de expansão não só
melhorou o acesso - com maior oferta de vagas - como permitiu a fixação do
estudante. "As políticas de permanência garantem hoje auxilio alimentação,
transporte, bolsas de monitoria em contraturno. São ações importante para
evitar a evasão, posto que nosso público maior são estudantes da rede
pública", disse.
A estudante de Rede de computadores
Raniele Peixoto Alves, 18 anos, moradora de Lagoa Salgada, é uma das
beneficiadas com a bolsa-transporte, que custeia o deslocamento de Monte
Alegre, onde passa a semana, na casa de familiares. "No meu interior não
há boas escolas públicas e eu não teria condições, por conta dos custos, de
estudar em Natal", conta.
Expansão do ensino passa por critérios técnicos
O coordenador geral de
Infraestrutura da Rede Federal de Institutos Federais, do Ministério de
Educação, Luiz Carlos do Rêgo destaca a atual capilaridade da rede como um
todo, que até o final de 2014 implantará 208 novos campus dos institutos
federais, em todo país, totalizando 562 unidades, que ofertarão mais de 600 mil
vagas em cursos técnicos, superiores de tecnologia e licenciaturas.
Com a expansão da rede, há
oportunidade de "formar e firmar" profissionais na região. A
interiorização - com instalação de unidades do IFRN para cidades-pólo do Alto
Oeste ao litoral sul do Estado - inibe que os jovens migrem para os grandes
centros urbanos, em busca do sonho de melhoria de vida. "Tal migração, em
geral, resulta em ocupar áreas marginalizadas e não ter acesso ao mercado de
trabalho. A expansão tem reflexo direto
no desenvolvimento econômico destas cidades", pontua o coordenador.
A partir desta terceira fase
do plano de expansão, observa Luiz Carlos Rêgo, foram incorporados aos
critérios técnicos usados para escolha dos municípios sedes dos institutos.
Bate-papo: » Henrique Alves - deputado federal
Como o senhor avalia a política
de expansão da rede federal de ensino profissionalizante?
Essa é uma decisão histórica
do então presidente Lula e que tem continuidade com a presidenta Dilma Roussef, que decidiu suprir essa
carência de qualificação, por meio da educação profissionalizante, com a
criação de 214 novos institutos federais, as antigas escolas técnicas federais.
O Rio Grande do Norte, conta hoje com 16 novos institutos. Isso foi assegurado
sem qualquer politicagem, sem atender critérios político-eleitorais. Para
atender realmente a carência, a partir de critérios técnicos, de profissionais,
de renda e de municípios-pólos da região.
O RN é um dos Estados mais
contemplados com novos campis
O ensino profissionalizante é
o instrumento necessário para permitir aos nossos jovens buscar o emprego e
melhorar a renda. Em São Gonçalo,
oficialmente nos próximos meses será inaugurado um novo campus. O município foi
escolhido em razão da construção do Aeroporto, que empregará milhares de potiguares
e precisará de mão de obra qualificada. E isso independe da bandeira política,
se o prefeito é do PMDB, do PR, do PT. Um avanço na maneira de administrar no
atual governo.
O que essa expansão representa para o desenvolvimento do Estado?
Iremos oferecer a nossa
população qualificação profissional. Permitir que, com dignidade, tenham direito a emprego sem depender de ninguém para melhorar
de vida. E essa é, exatamente, a maior
alegria que se pode oferecer a juventude: conseguir, por conhecimentos
próprios, a colocação no mercado de trabalho. Essa é mais uma marca da sensibilidade do governo Lula para com o
Nordeste e com o Rio Grande do Norte, hoje, continuado pelo governo da
presidenta Dilma.
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