Com o tema Fraternidade e
Saúde Pública, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou hoje
(22) a 49ª Campanha da Fraternidade, que pretende sensibilizar os fiéis sobre a
situação das pessoas que enfrentam longas filas de atendimento e falta de vagas
em hospitais públicos do país. Para o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo
Steiner, não é exagero dizer que a saúde pública no país não vai bem.
De acordo com ele, é
preocupante a decisão do governo de cortar cerca de R$ 5 bilhões da área de
saúde. “Os problemas verificados na área da saúde são reflexo do contexto mais
amplo de nossa economia de mercado, que não tem, muitas vezes, como horizonte,
os valores ético-morais e sociais”.
No texto-base da campanha, a
CNBB expõe as grandes preocupações da Igreja com relação à saúde pública, como
a humanização do atendimento aos pacientes e o financiamento da saúde pública,
classificado pela confederação, como “problemático e insuficiente”. A entidade
critica ainda a escassez de recursos destinados ao Sistema Único de Saúde
(SUS).
O texto da campanha compara os
gastos da saúde no Brasil com o de alguns países em que 70% do que é dispendido
na área vêm do governo e 30%, do contribuinte. Já no Brasil, em 2009, o governo
foi o responsável por 47% (R$ 127 bilhões) dos recursos aplicados na saúde,
enquanto as famílias gastaram 53% (R$ 143 bilhões).
No entanto, segundo dom
Leonardo, a Igreja reconhece também alguns avanços na área, como a redução da
mortalidade infantil, a erradicação de algumas doenças infecto-parasitárias e o
aumento da eficiência da vacinação e do tratamento da aids. “São significativos
os avanços verificados nas últimas décadas na área da saúde pública”.
De acordo com o ministro da
saúde, Alexandre Padilha, que participou do evento, este ano a saúde terá
orçamento 17% maior que em 2011, R$ 72 bilhões. “O aumento de R$ 13 bilhões é o
maior aumento nominal que já existiu de recursos para a saúde de um ano para o
outro, desde o ano 2000. O meu papel como ministro não é ficar esperando os
recursos virem, mas, sobretudo, fazer mais com o que temos”.
Segundo ele, o debate sobre o
financiamento da saúde continua e será mais amplo com o apoio da campanha da
fraternidade. O ministro disse ainda que o contingenciamento de R$ 5 bilhões,
com o corte do Orçamento anunciado pelo governo na semana passada, não afetará
nenhum programa da pasta. “Tudo o que estava programado pelo Ministério da
Saúde e foi encaminhado para o Congresso Nacional está absolutamente mantido”.
Segundo o membro do Conselho
Nacional de Saúde Clóvis Boufleur, a campanha da fraternidade pretende efetivar
a participação de conselhos estaduais e municipais de saúde. Entre os temas que
serão debatidos nos conselhos, está a violência, a obesidade e a gravidez na
adolescência. “A violência dentro de casa se transformou em um problema de
saúde. A partir dos 4 anos de idade, os acidentes e a violência são as
principais causas de mortes de crianças e jovens”.
Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário