As entidades e empresas que
pretendem realizar pesquisas de opinião pública relativas às eleições de 2012
terão, a partir deste domingo (1º), que proceder o respectivo registro junto à
Justiça Eleitoral. O mesmo procedimento deve ser feito até cinco dias antes da
divulgação de cada resultado. A exigência foi estabelecida pelo art. 33 da Lei
nº 9.504/1997 e detalhada na resolução nº 23.190/2010 do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE).
No Rio Grande do Norte, as cinco empresas filiadas à Associação dos Institutos de Pesquisa (Assinp) já estão devidamente adequadas à regulamentação do TSE, afirmou o presidente da entidade, Tadeu Oliveira. "Nós tivemos uma reunião recentemente somente para discutir essa questão. Na campanha, vamos ter um advogado especialista no assunto para dirimir dúvidas e, além disso, nós já contamos de qualquer maneira com uma equipe de profissionais com respeitabilidade no mercado potiguar que garante a credibilidade da atuação do nosso ramo no pleito. São pessoas que estão no mercado há mais de trinta anos", assinalou Tadeu.
O registro deve ser feito
junto aos tribunais regionais eleitorais (TREs), já que se trata de uma eleição municipal. Após os
respectivos registros, os portais da Justiça Eleitoral disponibilizarão as
informações das pesquisas de opinião pública relativas às eleições ou aos
candidatos, quando realizadas para conhecimento público. Os dados publicados
são fornecidos, integralmente, pelas entidades e empresas que as realizam.
Nesse contexto, o Tribunal não realiza qualquer análise qualitativa, defere ou
homologa o teor, método ou resultado das pesquisas. A finalidade é dar
publicidade às informações prestadas e, com isso, permitir a ação fiscalizadora
dos partidos e do Ministério Público.
O presidente do instituto
Consult, Paulo de Tarso Teixeira, enfatizou que a determinação da Justiça
Eleitoral no sentido de obrigar o registro das pesquisas de intenção de votos
é importante e inclusive necessária
porque ao impor a transparência do processo a medida reveste as empresas da
credibilidade necessária. "O registro é salutar porque oportuniza a quem
quiser o conhecimento sobre a metodologia do processo, como é feita a pesquisa,
o tamanho da amostra, etc. Dessa forma, fica mais explícito e se sabe como se
chegou àquele denominador comum", opinou Teixeira.
Ele explicou que uma pesquisa
informal, quando não é necessário o registro obrigatório, é feita de acordo com o interesse do cliente
e para o instituto esse método não é o mais adequado porque não retrata a
espontaneidade do eleitor.
Advogado alerta para multas
O advogado Paulo de Tarso
Fernandes alertou que as sanções para o caso de divulgação de pesquisa sem o devido registro junto à Justiça
Eleitoral podem atingir tanto o instituto que fez a análise quanto um pretenso
candidato. "Temos aí duas
vertentes: se a divulgação partir de um candidato existe uma penalidade que
pode gerar inclusive a negativa do registro de candidatura. Já para os órgãos
que divulgarem e, se comprovada a responsabilidade, a penalidade é somente
multa", explicou.
Em 2010, a Corte Eleitoral do
Piauí aplicou a multa de R$ 53,2 mil a uma editora titular de um portal de
notícias, e a um jornalista de Terezina, em razão de divulgação de propaganda
eleitoral em local proibido e não registrada na Justiça Eleitoral. A mesma
multa se estendeu, também, ao candidato a governador Wilson Martins e à
coligação da qual ele faz parte. Esse foi um dos mais divulgados casos de
penalidade da Justiça Eleitoral do país, em virtude da divulgação de pesquisa
eleitoral sem o devido registro. No Rio Grande do Norte não há casos similares.
O advogado Paulo de Tarso
Fernandes destacou que o tema é controverso
porque a discussão diz respeito à liberdade de informação e ao mesmo tempo à
preservação da liberdade eleitoral. "É um conflito aparente que realmente
existe", frisou ele. O jornal Folha de São Paulo, o de maior circulação no
país, obteve certa vez uma decisão judicial no sentido de permitir a
divulgação, mas posteriormente os
próprios tribunais superiores reformaram o que havia sido referendado .
"O que se modulou aí foi
o registro para que todos os interessados na eleição tenham acesso aos métodos,
para tentar evitar a manipulação, a desvirtualização, então se chegou a um
equilíbrio", finalizou Paulo de Tarso Fernandes.
Demanda por sondagens se intensifica
Os institutos de pesquisa
eleitoral em todo o país - e não seria diferente no Rio Grande do Norte -
passam a receber a partir de agora demandas substanciais para a realização de
análises que retratem preferências, potenciais rejeições e intenções do
eleitor. É a chamada "época das vacas gordas", como assim denominou o
diretor do instituto Certus, Mardoni França. "Em qualquer município, seja
o menor ou o maior, as pesquisas são realizadas para apontar tendências
concretas quanto à viabilidade ou não dos candidatos", disse Marconi.
Ele enfatizou que a procura
pelos serviços de análise de pesquisas eleitorais se intensificou em novembro e
dezembro deste ano e frisou que a tendência é de que a demanda se acentue ainda
mais a partir de janeiro. Neste primeiro momento, no entanto, os clientes são
informados de que - a meses da realização do pleito - o quadro ainda não está
consolidado e as avaliações junto ao eleitor servem como "norteador"
para estratégias de campanha e de candidaturas. "Existe um estudo que
aponta que nas maiores cidades os resultados se definem no último mês e nas
pequenas nos últimos quinze dias", observou Paulo de Tarso Teixeira, da
Consult.
Ele pondera ainda que a
indefinição de cenários se configura ainda mais porque os propensos candidatos
ainda não iniciaram os efetivos trabalhos eleitorais. "Eles deflagraram o
marketing político, que é exatamente a feitura dos projetos, contatos, formação
de alianças. Mas não chegaram a pedir o voto. Quando eles começarem a se
apresentar como candidatos, aí sim, o eleitor também começa a movimentar-se e a
se decidir", emendou o consultor.
O diretor do instituto Perfil,
Fernando Figueiredo, por sua vez, afirmou que aguarda somente para meados de
março o aumento da procura pelas pesquisas de intenção de votos. "Os
candidatos, os partidos e os interessados no processo ainda não obtiveram
grandes ensejos", observou ele. Todos consideram salutar as intervenções
da Justiça Eleitoral no sentido de acompanhar e dar transparência a elaboração
e divulgação das pesquisas eleitorais. "É interessante porque mostra os
que trabalham com seriedade e competência e os que não", concluiu
Figueiredo.
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