A nova ministra da Secretaria
de Políticas para as Mulheres (SPM), Eleonora Menicucci, disse ontem (10/02)
que as prioridades da pasta para esse ano serão investir na esfera do trabalho,
sobretudo no campo das trabalhadoras domésticas, e no combate à pobreza.
“Para isso, é preciso
assegurar a garantia de direitos e acesso à informação, à capacitação e ao
mercado de trabalho. Também não se pode aceitar que, ainda hoje, as mulheres
sejam objetos de qualquer forma de violência”, ressaltou.
Durante discurso, Eleonora
avaliou que o cumprimento da Lei Maria da Penha nos últimos anos representa
avanço significativo para o país. Segundo ela, é inegável a mudança provocada
pela legislação no imaginário e na vida cotidiana das mulheres. “Hoje, a noção
de que é crime bater em mulher está amplamente assimilada pela sociedade”,
disse.
A nova ministra também comentou
a decisão da ultima sexta-feira (09/01) do Supremo Tribunal Federal (STF) que
passa a permitir que o Ministério Público denuncie agressores mesmo quando as
mulheres vítimas de violência tenham desistido de prestar queixa. “A vitória no
STF representa um marco histórico na vida das mulheres brasileiras.”
Ela cobrou ainda a criação de
mais juizados especializados em violência doméstica e familiar. Para ela, a
rede de atendimento a mulheres precisa deixar de tratar apenas os danos físicos
e assumir um caráter preventivo, por meio de parcerias com outros ministérios.
Eleonora também prestou
homenagens a homens e mulheres mortos durante a ditadura militar. A nova
ministra foi companheira de prisão da presidenta Dilma Rousseff nesse período.
“Nossas trajetórias de
mulheres se entrelaçaram. Nos engajamos na luta contra a ditadura, fomos
presas, torturadas, vivemos na mesma cela, tivemos um engajamento que nos
ensinou a lidar com as adversidades”, destacou.
Durante a solenidade, a
presidenta Dilma Rousseff deu as boas-vindas à socióloga e destacou que ela
chegava ao governo em um momento muito especial, lembrando a decisão do Supremo
em relação à Lei Maria da Penha. A presidenta disse que “o governo mais
feminino da história deste país” deu um passo muito importante rumo à
construção de uma sociedade com democracia e justiça social, com igualdade para
todos. Seu governo, segundo ela, luta contra o preconceito, a discriminação e a
violência contra a mulher, e “temos certeza que ganhamos uma lutadora
incansável pelos direitos das mulheres”.
Doutora em ciência política
pela Universidade de São Paulo (USP), Eleonora Menicucci fez pós-doutorado na
Universidade de Milão, na Itália, e era pró-reitora de extensão da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), cargo do qual se licenciou para assumir a
função no governo de Dilma.
Ao ser indicada para o cargo,
Eleonora Menicucci disse que considera o aborto uma questão de saúde pública --
como o crack e outras drogas, a dengue, o HIV e demais doenças
infectocontagiosas – e não uma questão ideológica.
Paula Laboissière*
Repórter da Agência Brasil
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