Passados cinco meses e seis dias do nascimento, a pequena Carolina
Terzis deixou o hospital em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo
Horizonte, após uma longa batalha para sobreviver.
Ela nasceu na 25ª semana de gestação com 360 gramas e 27 centímetros.
Por ser prematura, passou por sérias complicações de saúde. “A Carolina
tem duas datas de nascimento, no dia 16 de abril, em que ela nasceu, e hoje que
ela está saindo do hospital. Ela mostrou que é persistente, que é uma
lutadora”, disse a mãe, Alexandra Terzis, enquanto aguardava para levar a filha
para casa. Atualmente, Carolina está com 47,5 centímetros e está com 3,365
quilos.
Alexandra teve um parto de risco, após exames clínicos diagnosticarem
pré-eclâmpsia - um quadro grave que ocorre geralmente no fim da gravidez e é
caracterizado por convulsões associadas à hipertensão arterial. Foram oito dias
de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) até a recuperação. O pai,
Thiago Fernandes Parreiras, acompanhou todo o drama, e também comemorou a saída
da filha do hospital. "Eu nunca deixei de acreditra nela. Eu falava: 'você
vai coseguir, vai recuperar'".
Segundo a mãe, a equipe médica não descartou o risco de morte da
criança, mas as esperanças da família sempre foram sempre mantidas. “Cada
dez gramas que ela [Carolina] engordava era como se ela tivesse ganhado um
quilo. Era uma vitória que era comemorada e eu agradeci a Deus. A fé aumentava
a cada dia”, disse.
A história de Carolina é rara na medicina, segundo o chefe do Centro de
Terapia Intensiva (CTI) Pediátrico e neo-natal do Hospital Vila da Serra,
Marcus Jannuzzi. "Casos de crianças que nascem com menos de 400 gramas e
que sobrevivem é uma exceção, uma raridade. Estas crianças podem ter lesões
celebrais, problemas no canal arterial, infecções e problemas na retina. No
mundo, há registros de 138 crianças que nasceram abaixo de 400 gramas",
falou Jannuzzi.
"Carolina é a criança nascida no Brasil com menor peso [360
gramas]", disse Oswaldo Trindade, outro especialista que acompanhou a
recuperação da criança. O médico é coordenador da Unidade de Terapia Intensiva
(UTI).
Jannuzzi explicou que 60% das crianças que nascem abaixo de 500 gramas
têm probabilidade de ter sequelas, como distúrbios cognitivos. Nos próximo
meses, Carolina vai precisar passar por avaliações de um neuropediatra e de um
fisioterapeuta, segundo o médico, que preferiu não dar detalhes sobre os
tratamentos e manteve reserva sobre o risco de possíveis sequelas.
De acordo com a equipe médica, Carolina precisou ficar internada todo
este tempo porque precisava respirar com a ajuda de aparelhos, recebia nutrição
por sonda e via venosa e, apesar de os órgãos estarem totalmente formados, eles
não tinham condições de funcionar normalmente.
*Alex Araújo do
G1 MG
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